domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dividir o Piauí seria enfraquecê-lo?



Pádua Ramos





“Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se.
Se uma Família se divide contra si mesma não poderá manter-se.”
Mc 3, 24-25

“Dividir a pobreza é faltar com a inteligência.”
Roberto Pio Napoleão, administrador


Estudos realizados pelo Governo Federal no passado identificaram os denominados “eixos nacionais de integração e desenvolvimento”: eixos indicativos de potencialidades econômicas insinuadas por características geográficas; potencialidades econômicas conversíveis em empreendimentos privados auto-sustentados, geradores de emprego, renda e tributo, – com o apoio infra-estrutural e institucional do poder público.  Adiante, quando se tratar dos eixos especificamente estaduais piauienses, o entendimento do que significam ficará mais claro. Essa nova forma de abordagem da questão do desenvolvimento, a dos eixos, relega a segundo plano as fronteiras políticas. No caso de que se vai tratar, relega a segundo plano as fronteiras políticas sub-regionais e mesmo municipais. E faz, quase sempre, desencontrados delas, os limites dos espaços geoeconômicos, cujos desenhos quase nunca coincidem com os perfis das unidades políticas (Estado ou Sub-região ou Município), ainda que, freqüentemente, tenham sido definidos sob a influência dos acidentes geográficos.
De modo que as tentativas que ocorrem, de quando em quando, de divisão do Piauí em dois, se vingarem, destruirão a diferença.  E a diferença, ela própria é que é o nosso tesouro.  Se é verdade, como verdade é, que nosso incomensurável tesouro é essa incrível diversidade interna, que nos torna comparativamente tão distintos, certo é que nossa desgraça será o equívoco com que alguns desprezam este nosso tesouro.  

Tome-se um exemplo singelo, como recurso de exposição.  Dividir essa rica versatilidade do Piauí de hoje seria como dividir entre duas vitrines o sortimento variado de uma só vitrine.  Cada nova vitrine exporia variedade menos rica de artigos.  

As tentativas divisionistas ou são fruto da ingenuidade de uns, ou o são da malícia de outros.  Os primeiros movem-se pelo propósito generoso de atrair mais assistência para o sul do Estado;  e os segundos – embora engajados, acreditemos, na mesma bandeira generosa – são motivados também pelo desejo de poder, representado pela perspectiva de administrarem os novos empregos que seriam gerados;  e representado pela perspectiva de captura da parcela do Fundo de Participação e das demais transferências federais, bem como dos tributos estaduais, que seriam usufruídos  pelo novo Estado, isto é, pelo meio-Estado, – sob o pressuposto ilusório de que administrariam esses recursos com mais, digamos assim, produtividade social. Como se a velha natureza humana dos governantes novos fosse menos imperfeita que a velha natureza humana dos velhos governantes.  Como se a fronteira política que fosse criada tivesse o poder mágico de deixar do lado de lá os pecadores;  e do lado de cá, os santos.
*Padua Ramos é professor titular da cadeira de Planejamento Social da UECE - Universidade Estadual do Ceará;  e pró-reitor da mesma universidade para a área de planejamento. É autor do livro Em Busca do Ângulo Alfa, sobre políticas públicas

Vista do Parque Nacional das Sete Cidades situado no município de Piracuruca

Poços Jorrantes em Cristino Castro

É deslumbrante a visão do Canyon do Rio Poti em Castelo do Piauí.

Ainda o Belíssimo Canyon do Rio Poti

Vista aérea do Delta do Parnaíba 


serra da capivara

Por do Sol em Oeiras (foto Joca Oeiras)

Cachoeira do Urubu

Ferrovia Transnordestina: "Partindo-se de Eliseu Martins para o Norte, ao atingir o paralelo 8º, e ao ultrapassá-lo, vê-se que aumenta o número de municípios e se adensam, comparativamente, os ecúmenos setentrionais, até alcançar o Porto de Luís Correia – a 612 km de distância, em linha reta. Mas a ferrovia não vai para dentro, isto é, para o Norte. Vai para fora, isto é, para o Leste: para Pernambuco e para o Ceará. Estima-se preliminarmente que essa área, alheia aos benefícios da ferrovia, compreenda cerca de 70% do território piauiense; em termos populacionais esse percentual há de ser muito maior, admita-se algo da ordem de 85%: eis que no espaço dito desgarrado estão localizados os municípios mais habitados, do que se constitui em exemplo culminante a Capital." Pádua Ramos

Sobrado Major Selemérico em Oeiras (foto Lais Reis)

Serra das Confusões (foto André Pessoa)

babaçual (foto sem crédito)

Opala, a grande riqueza da região de Pedro II-PI

Morro do Gritador PedroII

Mel do Piauí

castanha caju e cajuina

Conjunto musical "Bandolins de Oeiras" no Programa do Jô Da esquerda para a Direita: Nieta Maranhaão, Rosário Lemos, Zezé Cabeceiras e Petronilha Amorim (junho/2008). Foto Carlos Rubem.

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